Arnold, acalentado por Deus,
escondido sob a varanda
relembrando o tempo em que fugiu, aprisionado em
Vermont,
abrindo um caminho na
neve. Arnold era de outro lugar,
onde não era tão frio; lá ele usava sapatos
camurça
e jogava tênis de mesa.
Arnold sabia o Corão.
E ele saia cantar:
O jovem Julien Sorel
Recitava bem o latim
E era inteligente assim
Como ele era um jasmim
Até que sua cabeça caiu.
Na atmosfera vazia
Arnold tinha um trinca de pombos, um pacote milho.
Pensava em Eleanor, em suas mãos;
Observava ela sentada quieta na escola
Ele tinha Carmine para atraí-la para uma atmosfera mais cálida;
Queria beijá-la, viver com ela para sempre;
Abrir-lhe a cabeça com propostas mirabolantes.
Quem é Arnold? Bem,
Quando o encontrei a primeira vez usava um gorro preto
coberto
de broches antigos. Estava com 13 anos.
E com medo. Mas sorria. Ele estava sempre
querendo te
acompanhar no caminho de casa, falar com tua mãe,
conversar com ela sobre o
Parque da rua Hester
sobre os vagabundos gélidos de lá;
sobre as velhas judias
gélidas sentadas,
com as mãos dobradas, tristes, virando o rosto
para longe do
antigo lar dos judeus.
Arnold cresceu conhecendo bem os agentes de turfe
e os
depenadores de frangos
E Arnold sabia cantar:
Agora morreu, aos meus 15 anos
Delano Roosevelt, com seu rosto sorridente
Tornou mais diabólico o Imperialista com dentadura de dólar,
O Ariano de bigodes,
O César queixudo –
Agora morreu, e eu chorei...
Porque esse homem uma vez eu odiei
sem razão nenhuma
só
ódio inocente
– meu gorro coberto com broches antigos.
Arnold levou um chute no saco
de uma garota italiana que
enlouqueceu
por causa de uma grande greve de mineiros
que forçou a Aliança Educacional
a fechar as portas.
Arnold, fraco e caído, roubou uns centavos de uma
biblioteca,
mas aproveitou para ler Paderewski.
Ele costumava andar pela Rua Sul
a refletir sobre os
diversos tipos de cola.
Era em cola de avião que ele pensava
quando caiu e morreu
sob a Ponte do Brooklyn.
Poemas do livro: Gasolyna
Tradução: Ciro Barroso
Nenhum comentário:
Postar um comentário