tag:blogger.com,1999:blog-79765637721110099272024-02-06T18:05:44.833-08:00Poemas e BeatniksBlog Dedicado a poesia e literatura marginal, principalmente a beatnik, além de comentarios sobre bandas e filmes interessantes.Bukeouachttp://www.blogger.com/profile/18331455426879880090noreply@blogger.comBlogger161125tag:blogger.com,1999:blog-7976563772111009927.post-33165463972664099882014-07-19T10:18:00.000-07:002014-07-19T10:25:12.805-07:00texana - Charles Bukowskiela é do Texas e pesa<br />
47 quilos<br />
e para em frente ao<br />
espelho penteando oceanos<br />
de cabelos ruivos<br />
que descem ao longo de todas<br />
suas costas até a bunda.<br />
o cabelo é magico e lança<br />
faíscas quando eu me deito na cama<br />
e a vejo penteá-los<br />
ela parece uma criatura<br />
saída de um filme mas está<br />
aqui de fato, fazemos amor<br />
pelo menos uma vez por dia e<br />
ela consegue me fazer rir<br />
sempre que deseja.<br />
as mulheres do Texas são sempre<br />
saudáveis, e além disso ela<br />
limpa meu refrigerador, minha pia<br />
o banheiro, e faz comida
e<br />
me serve alimentos saudáveis<br />
e lava pratos
também.<br />
<br />
<br />
"Hank", ela me disse,<br />
segurando uma lata de suco de<br />
uva, "este é o melhor de
todos".<br />
dizia na lata: suco natural de uva<br />
ROSA do Texas.<br />
<br />
ela se parece com a Katherine Hepburn<br />
na época<br />
do ensino médio, e vejo esses<br />
47 quilos<br />
penteando um metro<br />
de cabelo ruivo<br />
diante do espelho<br />
e a sinto dentro de meus olhos,<br />
e os dedos e as pernas e barriga<br />
a sentem, assim como<br />
aquela outra parte,<br />
e toda Los Angeles se desfaz<br />
e chora de contentamento,<br />
as paredes das alcovas tremem -<br />
o oceano invade tudo e ela se vira<br />
e me diz, "maldito cabelo!"<br />
e eu digo<br />
"sim".<br />
<br />
Poema do Livro - <a href="http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=5095872">O amor é uma cão dos </a>diabos<div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">mortos.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">pelo menos eles não estão na rua, eles</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">têm o cuidado de ficar dentro de casa, aqueles</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">malucos que se sentam sozinhos na frente de suas tvs,</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">suas vidas cheias de enlatados, riso mutilado.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">seu bairro ideal</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">de carros estacionados</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">de pequenos gramados</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">de pequenas casas</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">as pequenas portas que abrem e fecham</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">quando seus parentes os visitam</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">durante as férias</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">as portas se fechando</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">atrás do moribundo que morre tão devagar</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">atrás do morto que ainda está vivo</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">em seu tranquilo bairro de classe média</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">de ruas sinuosas</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">de agonia</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">de confusão</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">de horror</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">de medo</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">de ignorância.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">um cão parado atrás de uma cerca.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">um homem silencioso na janela.</span><br />
<br />
Bukowski<br />
<br />
Esse é um dos meus favoritos...<br />
<br />
Link para o original <a href="http://bukowski-poemas.blogspot.com.br/2013/09/ola-como-voce-esta.html" target="_blank">Bukowski Poemas</a><br />
<div>
<br /></div>
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/wFmYrpsFlFQ?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br /><div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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<div style="font-size: 127.7%;">
<h1 id="identificador_musica">
</h1>
<div>
No fim da ladeira, entre vielas tortuosas</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<a href="https://www.facebook.com/jairnaves2?fref=ts" target="_blank">Jair Naves</a></div>
<div>
<br /></div>
</div>
</div>
<div id="main_cnt">
<div id="div_letra">
Vem até mim um senhor de fala lenta<br />
Diz que bebendo assim eu nem chego aos quarenta<br />
Teima que sabe bem o que deixa um homem no estado em que eu estou<br />
E me alerta que a auto-piedade é a seqüela mais comum do amor<br />
Eu nem ouso discordar<br />
Esse esteve em meu lugar<br />
Então eu desabafo, peço conselhos<br />
Ganho a simpatia dos outros bêbados<br />
Fico elaborando teorias<br />
Tentando esgotar o assunto e seguir em frente a minha rotina<br />
Eu só queria poder<br />
Me redimir com você<br />
Acho que eu te deixei assustada,<br />
Eu agi da forma mais errada<br />
Aquele triste homem intimidado<br />
Agora luta pra se manter afastado<br />
E não te incomodar<br />
Me diz quando parar<br />
(onde é que eu vou parar?)<br />
No fim da ladeira, entre vielas tortuosas,<br />
Há uma vila de casinhas silenciosas<br />
Numa manhã fria, eu saí de uma delas<br />
Convencido de que ali eu havia achado a pessoa certa<br />
Agora dói passar perto daquele lugar<br />
Acho que eu te deixei assustada,<br />
Eu falei alguma coisa errada<br />
Um nervosismo incontrolável<br />
Agora eu luto pra me manter afastado<br />
E não te incomodar<br />
Me diz quando parar<br />
(onde é que eu vou parar?)<br />
Acontece que eu ainda enxergo em ti<br />
Tudo de que eu mais me orgulho em mim<br />
Como um pássaro ruidoso ao ver a luz do amanhecer<br />
Eu não pude me conter<br />
Me desculpa se eu te deixei assustada,<br />
Se eu disse alguma coisa muito errada<br />
Mas eu nunca fui de pecar pela omissão<br />
Ou de ignorar o meu coração<br />
Não vá se afastar.</div>
</div>
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LXV</div>
<br />
Vós crédulos mortais, alucinados<br />
De sonhos, de quimeras, de aparências,<br />
Colheis por uso erradas conseqüencias<br />
Dos acontecimentos desastrados:<br />
<br />
Se à perdição correis precipitados<br />
Por cegas, por fogosas impaciências,<br />
Indo cair, gritais que são violências<br />
D(e) inexoráveis céus, de negros fados:<br />
<br />
Se um celeste poder, tirano e duro,<br />
Às vezes extorquisse as liberdades,<br />
Que prestava, ó Razão, teu lume puro?<br />
<br />
Não forçam corações as divindades;<br />
Fado amigo não há, nem fado escuro:<br />
Fados são as paixões, são as vontades.<div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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<br />
<br />
<strong>Viajante</strong> – Qual o nome deste povoado?<br />
<strong>Ancião</strong> – Não tem. Só chamamos de “O Povoado”. Alguns chamam de Povoado do Moinho.<br />
<strong>Viajante</strong> – Todos os habitantes moram aqui?<br />
<strong>Ancião</strong> – Não. Moram em outros lugares.<br />
<strong>Viajante</strong> – Não há eletricidade aqui?<br />
<strong>Ancião</strong> – Não precisamos. As pessoas acostumam-se ao conforto. Acham que o conforto é melhor. Rejeitam o que é realmente bom.<br />
<strong>Viajante</strong> – Mas, e as luzes?<br />
<strong>Ancião</strong> – Temos velas e óleo de linhaça.<br />
<strong>Viajante</strong> – Mas a noite é tão escura.<br />
<strong>Ancião</strong>
– É. Assim é a noite. Por que a noite deveria ser clara como o dia? Eu
não ia querer noites claras, que não deixassem ver estrelas.<br />
<strong>Viajante</strong> – O senhor tem arrozais. Mas não tem tratores para cultivá-los?<br />
<strong>Ancião</strong> – Não precisamos. Temos vacas, temos cavalos.<br />
<strong>Viajante</strong> – O que usa como combustível?<br />
<strong>Ancião</strong>
– Lenha, na maioria das vezes. Não achamos direito cortar árvores, e
muitos galhos caem sozinhos. Cortamos e usamos como lenha. E para carvão
de madeira, poucas árvores aquecem tanto quanto uma floresta. Também
estrume de vaca dá bom combustível. Gostamos de viver respeitando a
natureza. As pessoas, hoje, esqueceram que são apenas parte da natureza.
Mas destroem a natureza da qual dependem nossas vidas. Elas sempre
acham que podem fazer melhor. Especialmente os cientistas. Podem ser
inteligentes, mas não compreendem o verdadeiro significado da natureza.
Só inventam coisas que tornam as pessoas infelizes. Mas têm tanto
orgulho das invenções deles. Pior é que muita gente também se orgulha.
Encaram-nas como milagres. Idolatram-nas. Não percebem, mas estão
perdendo a natureza. E, como conseqüência, vão morrer. As coisas mais
importantes para o ser humano são ar puro e água limpa, as árvores e
grama que os produzem. Tudo está sendo poluído, e perdido para sempre.
Ar sujo, água suja, sujando os corações dos homens.<br />
<strong>Viajante</strong> – Vindo para cá, vi algumas crianças colocando flores em uma pedra ao lado da ponte. Por quê?<br />
<strong>Ancião</strong>
– Ah, isso. Meu pai me contou uma vez. Há muito tempo, acharam um
viajante morto, perto da ponte. Os aldeões ficaram com pena e o
enterraram lá. Colocaram uma pedra na tumba dele e puseram flores.
Tornou-se um costume colocar flores lá. Não só as crianças. Todos os
aldeões colocam flores quando passam, embora a maioria não saiba por
quê.<br />
<strong>Viajante</strong> – Há um festival hoje? (ouvindo uma festividade aproximando-se).<br />
<strong>Ancião</strong> – Não, é um <strong>funeral</strong>.
Acha estranho? Um funeral é sempre agradável. Viver bem, trabalhar bem e
morrer com agradecimentos é louvável. Não temos templos nem sacerdotes
aqui. Assim, os próprios aldeões levam os mortos até o cemitério da
colina. <strong>Mas não gostamos quando jovens e crianças morrem. É difícil comemorar tal perda.</strong>
Mas, felizmente, as pessoas deste povoado levam uma vida natural.
Então, morrem de acordo com a idade. A anciã que vai ser enterrada viveu
gloriosamente os 99 anos. Agora, vou unir-me ao cortejo. Com licença.
Na verdade, ela foi o meu primeiro amor. Mas ela partiu meu coração e me
trocou por outro. Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!<br />
<strong>Viajante</strong> – A propósito, quantos anos tem?<br />
<strong>Ancião</strong>
– Eu? Cem... mais três. Boa idade para parar de viver. Uns dizem que a
vida é sofrimento. Isso é bobagem. Sinceramente, é bom estar vivo. É
emocionante.<br />
<br />
(O ancião dirige-se à estrada, seguido pelo
viajante, para juntar-se ao cortejo festivo. Cumprimenta cordialmente o
viajante e une-se aos outros aldeões em festa. O viajante assiste
admirado o cortejo passar e, antes de retirar-se da aldeia, deposita
flores na pedra do túmulo do <strong>viajante morto</strong>. A paisagem é indescritivelmente bela... E os moinhos, girando no ritmo da correnteza do rio, expressam o ritmo da vida).<br />
<br />
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=VgGonLoUrJM" target="_blank">Video </a><div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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tudo que você ouvir e ver. Vá então para casa e escreva a respeito de
suas observações, sentimentos, associações e pensamentos. Depois compare
suas anotações com as evidências fornecidas pelas fotos e fitas.
Descobrirás que sua mente registrou apenas uma fração de sua vivência. O
que você deixou de fora talvez seja o que você precise descobrir. A
verdade pode aparecer apenas uma vez. Ela pode não ser repetida</span><div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/fDR9zULPcFk?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
Pra quem preferir baixar o filme <a href="http://arapongasrockmotor.blogspot.com/2009/06/junkys-christmas-1993.html" target="_blank">Arapa Rock Motor</a> e a <a href="http://www.legendasbrasil.com.br/legenda-the-junkys-christmas-1993-4346716.htm" target="_blank">legenda</a><div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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Os pobres ficaram bem mais pobres<br />
Os ricos muito muito ricos<br />
O comércio fica aberto dia e noite<br />
Os presentes e chantagens<br />
Todos trocam sem pensar<br />
Para no dia seguinte se odiar<br />
Os assaltos multiplicam<br />
Guerras seguem sem parar<br />
Matam animais à toa, só para treinar<br />
Não preciso de pretexto<br />
Não preciso de Natal<br />
Todo dia é importante<br />
Todo dia é igual <br />
<br />
Link: <a href="http://aurelio.net/blog/2007/12/25/mensagem-de-natal-punk/" target="_blank">Aurélio Net </a></dd></dl>
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<span style="font-size: small;">Walking in the park just the other day, baby<br />
What do you, what do you think I saw?<br />
Crowds of people sitting on the grass<br />
With flowers in their hair said</span><br />
<span style="font-size: small;">Hey boy, do you wanna score?<br />
And you know how it is<br />
I really don't know what time it was, woh-oh-oh<br />
So I asked them if I could stay awhile</span><br />
<span style="font-size: small;">I didn't notice, but it had got very dark and I was really<br />
Really out of my mind<br />
Just then a policeman stepped up to me and asked us said<br />
Please, hey, would we care to all get in line, get in line</span><br />
<span style="font-size: small;">Well, you know, they asked us to stay for tea and have some fun, woh-oh-oh<br />
He said that his friends would all drop by<br />
Why don't you take a good look at yourself and describe what you see<br />
And baby, baby, baby, do you like it?</span><br />
<span style="font-size: small;">There you sit, sitting spare like a book on a shelf rusting<br />
Not trying to fight it<br />
You really don't care if they're coming, woh-oh-oh<br />
I know that it's all a state of mind</span><br />
<span style="font-size: small;">If you go down in the streets today, baby, you better<br />
You better open your eyes<br />
Folk down there really don't care, really don't care, don't care, really don't<br />
Which, which way the pressure lies</span><br />
<span style="font-size: small;">So I've decided what I'm gonna do now<br />
So I'm packing my bags for the Misty Mountains<br />
Where the spirits go now<br />
Over the hills where the spirits fly</span><br />
<span style="font-size: small;">Uh, uh, uh<br />
Uh, uh, uh, uh<br />
Uh, uh, uh<br />
Uh, uh, uh, uh</span><br />
<span style="font-size: small;">I really don't know<br />
I really don't know</span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><a href="http://letras.terra.com.br/led-zeppelin/72894/#traducao" target="_blank">Tradução </a></span></div>
<div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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<span style="font-size: small;">Alcoólicas – I</span></h5>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">É crua a vida. Alça de tripa e metal.<br />
Nela despenco: pedra mórula ferida.<br />
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.<br />
Como-a no livor da língua<br />
Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me<br />
No estreito-pouco<br />
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida<br />
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.<br />
E perambulamos de coturno pela rua<br />
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.<br />
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.<br />
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima<br />
Olho d’água, bebida. A Vida é líquida.</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;"> </span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<h5 style="font-family: inherit; height: 2em;">
<span style="font-size: small;">Alcoólicas – II</span></h5>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">Também são cruas e duras as palavras e as caras<br />
Antes de nos sentarmos à mesa, tu e eu, Vida<br />
Diante do coruscante ouro da bebida. Aos poucos<br />
Vão se fazendo remansos, lentilhas d’água, diamantes<br />
Sobre os insultos do passado e do agora. Aos poucos<br />
Somos duas senhoras, encharcadas de riso, rosadas<br />
De um amora, um que entrevi no teu hálito, amigo<br />
Quando me permitiste o paraíso. O sinistro das horas<br />
Vai se fazendo tempo de conquista. Langor e sofrimento<br />
Vão se fazendo olvido. Depois deitadas, a morte<br />
É um rei que nos visita e nos cobre de mirra.<br />
Sussurras: ah, a vida é líquida.</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">* * *</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<h5 style="font-family: inherit; height: 2em;">
<span style="font-size: small;">Alcoólicas – III</span></h5>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">Alturas, tiras, subo-as, recorto-as<br />
E pairamos as duas, eu e a Vida<br />
No carmim da borrasca. Embriagadas<br />
Mergulhamos nítidas num borraçal que coaxa.<br />
Que estilosa galhofa. Que desempenados<br />
Serafins. Nós duas nos vapores<br />
Lobotômicas líricas, e a gaivagem<br />
se transforma em galarim, e é translúcida<br />
A lama e é extremoso o Nada.<br />
Descasco o dementado cotidiano<br />
E seu rito pastoso de parábolas.<br />
Pacientes, canonisas, muito bem-educadas<br />
Aguardamos o tépido poente, o copo, a casa.<br />
Ah, o todo se dignifica quando a vida é líquida</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;"> </span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<h5 style="font-family: inherit; height: 2em;">
<span style="font-size: small;">Alcoólicas – IV</span></h5>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">E bebendo, Vida, recusamos o sólido<br />
O nodoso, a friez-armadilha<br />
De algum rosto sóbrio, certa voz<br />
Que se amplia, certo olhar que condena<br />
O nosso olhar gasoso: então, bebendo?<br />
E respondemos lassas lérias letícias<br />
O lusco das lagartixas, o lustrino<br />
Das quilhas, barcas, gaivotas, drenos<br />
E afasta-se de nós o sólido de fechado cenho.<br />
Rejubilam-se nossas coronárias. Rejubilo-me<br />
Na noite navegada, e rio, rio, e remendo<br />
Meu casaco rosso tecido de açucena.<br />
Se dedutiva e líquida, a Vida é plena.</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;"> </span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<h5 style="font-family: inherit; height: 2em;">
<span style="font-size: small;">Alcoólicas – V</span></h5>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">Te amo, Vida, líquida esteira onde me deito<br />
Romã baba alcaçuz, teu trançado rosado<br />
Salpicado de negro, de doçuras e iras.<br />
Te amo, Líquida, descendo escorrida<br />
Pela víscera, e assim esquecendo<br />
Fomes<br />
País<br />
O riso solto<br />
A dentadura etérea<br />
Bola<br />
Miséria.<br />
Bebendo, Vida, invento casa, comida<br />
E um Mais que se agiganta, um Mais<br />
Conquistando um fulcro potente na garganta<br />
Um látego, uma chama, um canto. Amo-me.<br />
Embriagada. Interdita. Ama-me. Sou menos<br />
Quando não sou líquida.</span></div>
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Bem, estava sentado lá e então chega essa mulher com cabelo preto e longo, bom corpo, olhos castanhos e tristes. Não me virei para olhá-la. Ignorei-a, mesmo ela tendo sentado no banco ao lado do meu, quando havia uma duzia de outros lugares vagos. Na verdade, éramos os únicos no bar, exceto pelo balconista. Ela pediu um vinho seco. Depois me perguntou o que eu estava bebendo.<br />
- Scotch com água.<br />
- Dê-lhe um scotch com água - ela disse ao balconista.<br />
Bem, isso era incomum.<br />
Abriu a bolsa, removeu uma pequena gaiola de arame e tirou algumas pessoas pequenas e as colocou no balcão. Tinham todos aproximadamente dez centimetros de altura e estavam vivos e bem vestidos. Havia quatro deles, dois homens e duas mulheres.<br />
- Fazem desses agora - ela disse. - São muito caros. Custaram quase dois mil dolores cada um quando comprei. Agora estão chegando aos 2.400 dólares. Não sei como são feitos, mas provavelmente é coisa fora da lei.<br />
As pessoas em miniatura estavam caminhando por cima do balcão. Repentinamente um dos pequenos homens deu um tapa na cara de uma das mulheres. <br />
- Sua vagabunda - ele disse - , já chega!!<br />
- Não George, você não pode - ela gritou -, eu te amo! Vou me matar! Tenho que ter você!<br />
- Não me importo! - disse o pequeno sujeito e puxou um cigarrinho e o acendeu. - Tenho direito de viver.<br />
- Se você não a quer - disse outro sujeitinho -, fico com ela, eu a amo.<br />
- Mas eu não quero você, Marty. Estou apaixonada pelo George.<br />
- Mas ele é um idiota, Anna, um idiota completo!<br />
- Eu sei, mas o amo de qualquer forma.<br />
O idiotinha caminhou pelo balcão e beijou a outra mulherzinha.<br />
<a name='more'></a><br />
- Estou com um triângulo amoroso em andamento - disse a mulher que havia me pagado uma bebida. - Esses são Marty e George e Anna e Ruthie. George vai se dar mal, muito mal. Marty é meio quadrado.<br />
- Não é triste ver tudo isso? Errr, qual o seu nome?<br />
- Dawn. É um nome terrivel. Mas é o que as mães fazem com suas crianças às vezes.<br />
- O meu é Hank. Mas não é triste...<br />
- Não, não é triste observar isso tudo. Não tive muita sorte com os meus próprios amores, péssima sorte, aliás...<br />
- Passa o mesmo com todos nós.<br />
- Parece que sim. De qualquer forma, comprei essas pessoinhas e agora fico olhando elas. E é como ter e não ter esses problemas. Mas fico muito excitada quando começam a fazer amor. É aí que fica dificil.<br />
- São excitantes?<br />
- Muito, muito excitantes. Meu Deus, me deixam louca!<br />
- Por que você não os obriga a fazer sexo? Quero dizer agora. Ficaremos olhando juntos.<br />
- Não se pode forçá-los. Têm de fazer por conta própria.<br />
- Com que frequencia acontece?<br />
- Oh, eles são bem bons. Quatro ou cinco vezes por semana.<br />
Estavam caminhando pelo balcão.<br />
- Escute - disse Marty -, me dê uma chance. Apenas uma chance, Anna.<br />
- Não - disse Anna. - Meu coração pertence ao George. Não pode ser de nenhuma outra maneira.<br />
George estava beijando Ruthie, apalpando seus peitos. Ruthie estava ficando excitada.<br />
- Ruthie está ficando excitada - Eu disse a Dawn.<br />
- Está, está mesmo.<br />
Eu também estava ficando. Agarrei Dawn e a beijei.<br />
- Escute - ela disse. - não gosto que eles façam sexo em público. Vou levá-los para casa e colocá-los para transar.<br />
- Mas aí não poderei olhar.<br />
- Bem, terá que vir comigo.<br />
- Tudo bem - respondi. - Vamos lá.<br />
Acabei minha bebida e saímos juntos. Ela carregava as criaturas em uma pequena gaiola de arame. Entramos no carro dela e colocamos o pessoal entre nós, no banco da frente. Olhei para Dawn. Era realmente jovem e bonita. Parecia ser boa também por dentro. Como podia ter fracassado com os homens? Há tantas maneiras de as coisas saírem erradas. Os quatro pequenos custaram-na oito mil. Tudo isso para se afastar de relacionamentos e na verdade não se afastar de relacionamentos.<br />
A casa era perto dos morros, um lugar com uma aparência agradavel. descemos do carro e caminhamosaté a porta. Segurei a gaiola com os pequenos enquanto ela abria a porta.<br />
- Ouvi Randy Newman semana passada no The Troubador. - Ele não está ótimo? - perguntou.<br />
- Sim, é ótimo.<br />
Entramos na sala, e Dawn tirou os pequenos da gaiola e os colocou em uma mesinha. Então caminhou até a cozinha, abriu o refrigerador e pegou uma garrafa de vinho. Trouxe dois copos.<br />
- Perdão - ela disse. - Mas você parece um pouco louco. O que você faz?<br />
- Sou escritor.<br />
- E irá escrever sobre isso?<br />
- Ninguém jamais acreditará, mas vou.<br />
- Olha - disse dawn. - George tirou as calcinhas de Ruthie. Ele está enfiando os dedos nela. Gelo?<br />
- Sim, está fazendo isso. Não, sem gelo. Puro está ótimo.<br />
- Não sei o que acontece - disse Dawn -, mas fico realmente excitada quando os observo. Talvez seja porque são tão pequenos. Realmente me excita.<br />
- Entendo o que quer dizer.<br />
- Olhe, o George está chupando ela.<br />
- É mesmo.<br />
- Olhe pra eles!<br />
- Deus do céu!<br />
Agarrei Dawn. Ficamos ali em pé nos beijando. Enquanto isso, seus olhos iam dos meus para eles e novamente para os meus.<br />
O pequeno Marty e a pequena Anna também estavam olhando.<br />
- Olhe - disse Marty -, eles vão trepar. Nós bem que podíamos trepar também. Até os grandes vão transar. Olhe pra eles!<br />
- Você ouviu isso? - perguntei a Dawn. - Eles disseram que nós vamos trepar. É verdade?<br />
- Espero que sim - disse Dawn.<br />
Levei-a para o sofá e levantei o vestido acima da cintura. Beijei seu pescoço.<br />
- Eu te amo - eu disse.<br />
- Mesmo? Ama?<br />
- Sim, de alguma forma, sim...<br />
- Tudo bem - disse a pequena Anna ao pequeno Marty. - Também podemos trepar, mesmo que eu não ame você.<br />
Eles se abraçaram no meio da mesinha. Eu já tinha tirado a calcinha de Dawn. Ela gemia. Ruthie gemia. Marty se aproximava de Anna. Estava acontecendo por toda parte. Tive a idéia de que todas as pessoas do mundo estavam trepando. Então esqueci do resto do mundo. De alguma forma fomos para o quarto. Então penetrei Dawn para a longa e lenta cavalgada.<br />
<br />
Quando ela saiu do banheiro, eu estava lendo uma história muito idiota na Playboy.<br />
- Foi tão bom. - ela disse.<br />
- O prazer foi meu - respondi.<br />
Ela voltou para a cama. Pus a revista de lado.<br />
- Acha que daremos certo juntos? perguntou<br />
- O que quer dizer?<br />
- Acha que vamos conseguir ficar juntos por algum tempo?<br />
- Não sei. Coisas acontecem. O começo é sempre mais fácil.<br />
Então ouvimos um grito vindo da sala.<br />
- Ai, ai - ela disse.<br />
Saltou da cama e correu para a sala. Segui logo atrás. Quando cheguei lá, ela estava segurando George nas mãos.<br />
- Oh, meu Deus!<br />
- O que aconteceu?<br />
- Foi a Anna!<br />
- O que tem a Anna?<br />
- Cortou fora as bolas dele! George é um Eunuco!<br />
- Uau!<br />
- Pegue papel higiênico, rápido! Ele pode sangrar até morrer!<br />
- Esse filho da puta - disse Anna da mesinha -, se não posso ter George, ninguém terá.<br />
- Agora vocês duas são minhas! - disse Marty.<br />
- Não, agora você tem que escolher uma de nós - disse Anna.<br />
- Então, com qual vai ficar? - perguntou Ruthie.<br />
- Amo as duas - disse Marty.<br />
- Parou de sangrar - disse Dawn. - Ele está frio.<br />
Ela embrulhou George em um lenço e colocou sobre a borda da lareira.<br />
- Quero dizer - seguiu Dawn - que se você acha que não daremos certo, não vou insistir.<br />
- Acho que amo você, Dawn.<br />
- Olhe, - ela disse. - Marty está abraçando Ruthie!<br />
- Vão trepar?<br />
- Não sei. Parecem excitados.<br />
Dawn pegou Anna e a colocou na gaiola de arame.<br />
- Deixe-me sair daqui! Vou matar os dois! Deixe-me sair daqui! <br />
George tremeu de dentro do lenço sobre a borda. Marty ja tirara a calcinha de Ruthie. Puxei Dawn para perto de mim. Era bonita e jovem e boa por dentro. Eu podia estar apaixonado novamente. Era possível, nos beijamos. Megulhei fundo em seus olhos. Então emergi e comecei a correr. Eu sabia onde estava. Uma barata e uma águia faziam amor. O tempo era um idiota com um banjo na mão. Continuei correndo. Seu cabelo longo caía sobre meu rosto.<br />
- Vou matar todo mundo! gritava a pequena Anna.<br />
Agitava-se na gaiola de arame às três horas da manhã.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br /><div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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<span style="font-size: small;">Quando em meu peito rebentar-se a fibra,<br />
Que o espírito enlaça à dor vivente,<br />
Não derramem por mim nenhuma lágrima<br />
Em pálpebra demente.
</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><br />
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">E nem desfolhem na matéria impura<br />
A flor do vale que adormece ao vento:<br />
Não quero que uma nota de alegria<br />
Se cale por meu triste passamento.</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><br />
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">Eu deixo a vida como deixa o tédio<br />
Do deserto, o poento caminheiro,<br />
... Como as horas de um longo pesadelo<br />
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><br />
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">Como o desterro de minha alma errante,<br />
Onde fogo insensato a consumia:<br />
Só levo uma saudade... é desses tempos<br />
Que amorosa ilusão embelecia.</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><br />
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">Só levo uma saudade... é dessas sombras<br />
Que eu sentia velar nas noites minhas...<br />
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,<br />
Que por minha tristeza te definhas!</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><br />
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">De meu pai... de meus únicos amigos,<br />
Pouco - bem poucos... e que não zombavam<br />
Quando, em noites de febre endoudecido,<br />
Minhas pálidas crenças duvidavam.</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><br />
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">Se uma lágrima as pálpebras me inunda,<br />
Se um suspiro nos seios treme ainda,</span></div>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">É pela virgem que sonhei... que nunca<br />
Aos lábios me encostou a face linda!</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><br />
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">Só tu à mocidade sonhadora<br />
Do pálido poeta deste flores...<br />
Se viveu, foi por ti! e de esperança<br />
De na vida gozar de teus amores.</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><br />
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">Beijarei a verdade santa e nua,<br />
Verei cristalizar-se o sonho amigo...</span></div>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">A minha virgem dos errantes sonhos,<br />
Filha do céu, eu vou amar contigo!</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><br />
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">Descansem o meu leito solitário<br />
Na floresta dos homens esquecida,<br />A
sombra de uma cruz, e escrevam nela:<br />
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><br />
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">Sombras do vale, noites da montanha<br />
Que minha alma cantou e amava tanto,<br />
Protegei o meu corpo abandonado,<br />
E no silêncio derramai-lhe canto!</span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><br />
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;">Mas quando preludia ave da aurora<br />
E quando à meia-noite o céu repousa,<br />
Arvoredos do bosque, abri os ramos...<br />
Deixai a lua pratear-me a lousa! </span></div>
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<span style="font-size: small;">Como um fantasma que se refugia<br />
Na solidão da natureza morta,<br />
Por trás dos ermos túmulos, um dia,<br />
Eu fui refugiar-me à tua porta!<br />
<br />
<br />
Fazia frio e o frio que fazia<br />
Não era esse que a carne nos conforta<br />
Cortava assim como em carniçaria<br />
O aço das facas incisivas corta!<br />
<br />
<br />
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!<br />
E eu saí, como quem tudo repele,<br />
— Velho caixão a carregar destroços —<br />
<br />
<br />
Levando apenas na tumbas carcaça<br />
O pergaminho singular da pele<br />
E o chocalho fatídico dos ossos!</span></div>
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<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;">Apenas sonhos encerrando o dia,</span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;">Retornando-o com tal desfecho,</span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;">Aos tons cinza, escurecidos,</span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;">Às coisas fundas e longínquas</span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;">Do território dos sonhos.</span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;"></span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;">Sonhos, apenas sonhos no crepúsculo,</span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;">Apenas as rotas imagens lembradas</span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;">Dos tempos idos, quando o ocaso de cada dia</span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;">Escrevia em prantos as perdas da afeição.</span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;"></span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;">Lágrimas e perdas e sonhos desfeitos</span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;">Talvez acolham teu coração</span></em></strong><br />
<strong style="font-weight: normal;"><em><span style="font-size: 100%;">ao anoitecer.</span></em></strong><br />
<strong><em><span style="font-size: 100%;"></span></em></strong><br />
<em><span style="font-size: 100%;">(Dreams in the Dusk, poema de Carl Sandburg, </span></em><br />
<span style="font-size: 100%;"><em>tradução de Fernando Campanella)</em></span><br />
<br />
<span style="font-size: 100%;"><em>Copiei daqui: <a href="http://fernandocampanella.blogspot.com/2011/05/carl-sandburg-uma-traducao.html">Palavreares</a> </em> </span><span style="font-size: 100%;"><em></em> </span><div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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And I believe California
succumbed to the fault line<br />
We heaved relief as scores of innocents
died<br />
<br />
And the Andalusian tribes<br />
Setting the lay of Nebraska
alight<br />
'Til all that remain is the arms of the angels<br />
<br />
Hetty Green,
queen of supply-side bonhomie bone-drab<br />
Know what i mean?<br />
On the road,
it's well advised that you follow your own bag<br />
In the year of the chewable
Ambien tab<br />
<br />
And the Panamanian child<br />
Stands at the dowager empress'
side<br />
And all that remain is the arms of angels<br />
And all that remain is the
arms of angels<br />
<br />
When you've recceded into loam<br />
And they're picking at
your bones<br />
We'll come home<br />
<br />
Quiet now, will we gather to conjure the
rain down?<br />
Will we now build a civilization below ground?<br />
And I'll be
crowned the community kick-it-around<br />
<br />
And the Andalusian tribes<br />
Setting
the lay of Nebraska alight<br />
'Til all that remain is the arms of the
angels<br />
'Til all that remain is the arms of the angels<br />
<br />
<br />
Se alguém conseguir uma tradução pode me passar.<div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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<!-- Fim do Código de Troca de Links MaisCliques.com --></div>Bukeouachttp://www.blogger.com/profile/18331455426879880090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7976563772111009927.post-13313952084574426972011-11-26T15:03:00.001-08:002011-11-26T15:50:51.517-08:00Um .45 para pagar o aluguel - BukowskiDuke tinha essa filha, que se chamava Lala, de 4 anos. Era a primogênita, logo dele, sempre tão precavido pra evitar filhos, com medo de ser morto por um deles. Mas agora vivia louco de alegria, encantado com a menina, que adivinhava tudo o que ele pensava – tal a comunicação que havia entre ela e ele, entre ele e ela.<br />Duke estava no supermercado com Lala, e os dois conversavam, dizendo uma coisa e outra. Falavam a respeito de tudo e ela lhe contava tudo o que sabia, e sabia muito, instintivamente, ao passo que Duke, se por um lado pouco sabia, por outro fazia o que podia. No fim dava certo. Sentiam-se<br />felizes um com o outro.<br />– O que é aquilo ali? – pergunta ela.<br />– Um coco.<br />– O que que tem dentro?<br />– Um troço branco pra se mastigar.<br />– Por que que é por dentro?<br />– Porque todo esse troço branco que a gente mastiga se sente bem ali dentro, no interior da casca. E diz, consigo mesmo, “puxa, que gostoso que tá isto aqui!”.<br />– Por que que é gostoso?<br />– Porque sim. Qualquer um acharia. Eu, por exemplo.<br />– Não acharia, não. Não ia poder dirigir o teu carro ali dentro, nem poder me enxergar. Ou comer presunto com ovo.<br />– Presunto com ovo não é tudo o que existe.<br />– O que que é tudo que existe, então?<br />– Sei lá. Pode ser que seja o miolo do sol, puro gelo.<br />
– O MIOLO do SOL...? PURO GELO?<br />– É.<br />– Como seria o miolo do sol, se fosse puro gelo?<br />– Ué, todo mundo pensa que o sol é aquela bola de fogo.<br />E tenho impressão que nenhum cientista vai concordar comigo, mas eu acho que seria assim, óh.<br />Duke pega um abacate.<br />– Oba!<br />– Tá vendo, um acabate é isto aqui: sol gelado. A gente come o sol e depois sai andando por aí, com uma sensação gostosa.<br />– O sol tá em toda aquela cerveja que tu bebe?<br />– Tá, sim.<br />– Dentro de mim também?<br />– Mais do que em qualquer pessoa que conheço.<br />– Pois eu acho que tu tem um SOL DESTE TAMANHO dentro de ti!<br />– Obrigado, meu bem.<br />
<a name='more'></a><br />Caminham mais um pouco e terminam as compras. Duke não escolhe nada. Lala enche o carrinho com tudo o que quer. Muita coisa não é de comer: balões, lápis crayon, um revólver de brinquedo, um espaçonauta com pára-quedas que abre nas costas quando se atira o boneco pro ar. Espaçonauta do cacete.<br />Lala não gosta da mulher que está no caixa. Fecha a maior carranca pra ela. Coitada: a cara parece escavada, vazia – é um show de terror e não sabe.<br />– Oi, queridinha! – diz a caixa.<br />Lala não responde. Duke não sopra nada pra ela dizer. Pagam as compras e vão pro carro.<br />– Eles ficam com o dinheiro da gente – comenta Lala.<br />– Ficam.<br />– E aí tu tem que trabalhar de noite pra ganhar mais dinheiro. Eu não gosto quando você sai. Quero brincar de mamãe. Eu sou a mãe e tu é o filhinho.<br />– Tá, então vamos começar. Eu sou o filhinho. Que tal, mamãe?<br />– Tá legal, filhinho. Sabe dirigir o carro?<br />– Posso tentar.<br />
Aí já estão dentro do automóvel, rodando. Um filho-da-puta qualquer pisa no acelerador e por pouco não bate no carro deles quando dobram à esquerda.<br />– Filhinho, por que que todo mundo quer dar batida na gente?<br />– Ué, mamãe, é porque são uns infelizes e todo mundo que se sente infeliz sai por aí machucando o que vem pela frente.<br />– Não tem ninguém que seja feliz?<br />– Muita gente finge que é.<br />– Por quê, hem?<br />– Porque sentem vergonha e medo e não têm coragem de confessar.<br />– Tu sente medo?<br />– Só tenho coragem de confessar pra você – vivo tão assustado, mamãe, que às vezes até parece que vou morrer de uma hora pra outra.<br />– Ô filhinho, não quer a mamadeira?<br />– Quero sim, mamãe, mas vamos esperar pra chegar em casa.<br />Continuam rodando, dobram à direita na Normandie. Fica mais difícil pra baterem na gente quando se dobra à direita.<br />
– Filhinho, tu vai trabalhar hoje de noite?<br />– Vou.<br />– Por que que tu trabalha de noite?<br />– É mais escuro. As pessoas não vêem.<br />– Por que que tu não quer que as pessoas vejam?<br />– Porque posso ser preso e ir pra cadeia.<br />– Cadeia? O que é isso?<br />– É tudo o que existe.<br />– Tudo MENOS EU!<br />Param o carro e levam as compras pra dentro.<br />– Mãeeê! – chama Lala –, trouxemos as compras! Sol gelado, espaçonautas, tudo!<br />A mãe (cujo nome é “Mag”) responde:<br />– Que bom.<br />Depois, pra Duke:<br />
– Porra, preferia que você não tivesse que sair hoje de noite. Tô com mau pressentimento. Não vai, Duke.<br />– Você tá com mau pressentimento? E eu então, meu bem? Todas as vezes. Já faz parte da coisa. Tamos lascados. A garota jogou tudo o que pôde naquele carrinho, desde presunto enlatado até caviar.<br />– Ué, e você deixou, porra?<br />– Não gosto de contrariar a menina.<br />– Quando for em cana vai ter que gostar.<br />– Olha, Mag, nesta profissão o cara sempre acaba passando um pouco de tempo no xadrez. Não adianta esquentar a cabeça com isso. O negócio é assim mesmo. Já cumpri pena. Tive mais sorte que muita gente por aí.<br />– Por que não procura um serviço decente?<br />– Filhinha, trabalhar numa prensa de perfuração esfola qualquer um. E não existe nenhum serviço decente. De um jeito ou doutro se acaba morrendo. Já estou encaminhado na vida – sou uma espécie de dentista, digamos, que arranca os dentes da sociedade. É a única coisa que eu sei fazer. Agora é tarde demais. E você sabe como todo mundo trata o cara que sai da prisão. Sabe o que fazem com a gente, já te contei, já...<br />– Eu sei que tu já contou, mas...<br />– Mas, mas, mass, massss! – atalha Duke –, puta que pariu, deixa eu terminar!<br />– Então termina.<br />– Esses industriais sacanas e exploradores que moram em Beverly Hills e Malibu. São especialistas em “reabilitar” presidiários, ou gente que saiu da cadeia. Perto deles, esse papo de liberdade condicional de merda até cheira bem. Que nem rosa. Mas é pura tapeação. Trabalho de escravo. O pessoal encarregado de vigiar os que ganham liberdade condicional sabe disso, pensa que não sabe? Como nós todos sabemos. Poupam despesa pro governo, contribuem pra enriquecer outro gajo qualquer. Onda. Pura onda. De tudo quanto é lado. Fazem a gente trabalhar três vezes mais que o homem comum, enquanto cometem verdadeiros assaltos contra a população, sempre dentro da lei – vendem qualquer porcaria por dez ou vinte vezes mais que o valor verdadeiro. Mas é dentro da lei, da lei que eles fizeram.<br />
– Puta merda, quantas vezes já não ouvi essa ladainha...<br />– E puta merda, vai ouvir OUTRA VEZ! Pensa que não enxergo nem sinto nada? Acha que devo ficar de bico calado? Até com minha própria mulher? Você casou comigo, não foi? A gente não fode? Não vive junto, não?<br />– Você é que fode com tudo! Agora taí chorando.<br />– Vai à MERDA! Cometi um engano, um erro técnico! Era moço; não entendi as regras desses cagões...<br />– E agora tá querendo justificar a tua burrice!<br />– Ei, essa foi ótima! GOSTEI. Minha mulherzinha. Sua babaca. Babaca. Tu não passa de uma xota nos degraus da Casa Branca, bem aberta, e de cuca fundida...<br />– A criança tá ouvindo, Duke.<br />– Ótimo. E vou continuar. Sua babaca. REABILITAR. É a palavra que usam esses sacanas de Beverly Hills metidos a besta. São tão decentes e HUMANOS, porra. As mulheres deles ficam escutando Mahler lá no Music Center e fazendo doações de caridade, que podem descontar no imposto de renda. E são eleitas as dez melhores do ano pelo L. A. Times. E sabe o que os maridos fazem? Ficam xingando a gente, como se fosse cachorro, lá naquela fábrica de vigarice que eles têm. Cortam o salário, embolsam a diferença e nem adianta reclamar porque não vai adiantar mesmo. Tudo é uma tal merda, será que ninguém percebe? Será que ninguém VÊ?<br />– Eu...<br />– CALA ESSA BOCA! Mahler, Beethoven, STRAVINSKY! Obrigam a gente a fazer serão de graça. E espinafram o tempo todo, cacete. E é só dizer UMA palavra, e já estão telefonando pro fiscal da liberdade condicional: “Desculpa, Jensen, mas devo lhe contar: o teu cara roubou 25 dólares do caixa. Logo agora, que estávamos começando a gostar dele.”<br />– Então que espécie de justiça você quer? Puxa, Duke, já nem sei o que fazer. Você fica aí, falando feito matraca, sem parar. Fica de porre e vem me dizer que Dillinger foi o maior sujeito que viveu até hoje. Se sacode todo na cadeira de balanço, pra lá e pra cá, completamente bêbado, e berra “Dillinger!” eu também estou viva. ouça...<br />– Dillinger que se foda! já morreu. justiça? na América não existe. só tem uma. pergunta pros Kennedys, pergunta pros mortos, pergunta pra quem você quiser!<br />Duke salta da cadeira de balanço, vai ao armário, remexe embaixo da caixa de enfeites do pinheirinho de Natal e pega o trabuco. um .45.<br />– isto aqui, óh. isto aqui. é a única justiça que existe na América. é a única coisa que todo mundo entende.<br />sacode aquela porra pra cima e pra baixo.<br />Lala brinca com o espaçonauta. O pára-quedas não abre direito. Que dúvida: uma tapeação. Outro blefe. Que nem a gaivota de olho parado. Ou a caneta esferográfica. Ou Cristo clamando pelo Pai, com a ligação interrompida.<br />– Escuta – pede Mag –, guarda essa arma maluca de uma vez. Eu vou procurar emprego. Me deixa ir.<br />– VOCÊ, procurando emprego?! Há quanto tempo vem repetindo isso? Você só presta pra foder, a troco de nada, e pra ficar aí sentada pelos cantos, lendo revista e enchendo a boca de bombom.<br />– Ah meu Deus, a troco de nada, não – eu AMO você, Duke, palavra de honra.<br />De repente ele cansa.<br />– Tá legal, ótimo. Então pelo menos vai guardar as compras.<br />Duke põe o trabuco de novo no armário. Senta e acende um cigarro.<br />– E cozinha alguma coisa pra mim antes de eu sair por aí.<br />– Duke – pergunta Lala –, tu quer que eu te chame de Duke ou de papai?<br />– como quiser, queridinha. você é quem manda.<br />– por que que tem cabelo na casca do coco?<br />– ah, que merda, sei lá. por que que tenho pentelho nos bagos?<br />Mag vem da cozinha com uma lata de ervilha na mão.<br />– Não admito que fale assim com minha filha.<br />– tua filha? tá vendo aquela boca carnuda? igualzinha àminha. tá vendo os olhos? os intestinos? que nem os meus, sem tirar nem botar. tua filha – só porque saiu dessa racha e mamou nas tuas tetas. não é filha de ninguém. só dela mesma.<br />– eu insisto – diz Mag – que você não devia falar desse jeito perto da criança!<br />– você insiste... você insiste...<br />– é isso mesmo! – afirma, com a lata de ervilha no ar, equilibrada na palma da mão esquerda. – insisto, sim.<br />– se você não tirar essa lata de ervilha da minha frente, eu juro, palavra, eu juro, por Deus ou sem Deus, QUE ENFIO ISSO AÍ NO TEU RABO, DAQUI ATÉ A LUA!<br />Mag volta pra cozinha com a lata. e não reaparece. Duke vai ao armário buscar o casaco e o trabuco. se despede da menina com um beijo. ela tem mais encanto que pele bronzeada no inverno e meia dúzia de cavalos brancos correndo por colinas cobertas de grama. são as comparações que lhe ocorrem; começa a se emocionar. dá o fora apressado.mas fecha a porta devagar. Mag sai da cozinha.<br />– Duke já foi – avisa a criança.<br />– é, eu sei.<br />– tô ficando com sono, mamãe. lê uma história pra mim.<br />as duas sentam no sofá.<br />– mãe, o Duke vai voltar?<br />– é, o filho-da-puta vai voltar, sim.<br />– o que que é filho-da-puta?<br />– o que o Duke é. eu amo ele.<br />– tu ama um filho-da-puta?<br />– sim – ri Mag. – amo, sim. vem cá, belezinha. aqui no meu colo.<br />abraça a criança com força.<br />– oh, você tá tão quentinha, tá que é um presuntinho, uma rosquinha que acaba de sair do forno!<br />– não sou NENHUM presuntinho ou ROSQUINHA, tá ouvindo? VOCÊ É QUE É!<br />– hoje é noite de lua cheia. tá muito claro, demais. fico com medo, morrendo de medo. ah meu deus, eu amo esse cara, ah deus do céu...<br />
Mag pega uma caixa de papelão e tira um livro pra criança dali de dentro.<br />– mamãe, por que que tem cabelo na casca do coco?<br />– cabelo na casca do coco?<br />– é.<br />– espera, eu tava fazendo café. tô ouvindo daqui o barulho da água. já deve estar fervendo. tenho que ir lá pra apagar o gás.<br />– tá.<br />Mag vai à cozinha e Lala fica esperando no sofá. enquanto Duke, parado na frente de uma loja de bebidas na esquina do Hollywood Bvd. com a Normandie, se pergunta: mas pra quê, pra quê, porra?<br />aquilo não tá com boa cara, não tá cheirando bem. pode ser até um sacana, nos fundos, de pistola na mão, espiando por algum buraco. foi assim que pegaram o Louie. estouraram com ele, feito pato de barro em tiro ao alvo de parque de diversões. homicídio lícito. o mundo inteiro sacana se safa, boiando na merda do homicídio permitido por lei. o lugar não inspira confiança. quem sabe um barzinho pequeno? um inferninho de bicha. qualquer coisa fácil. com grana suficiente pra um mês de aluguel. tô perdendo os culhões, pensa Duke. é só facilitar e não demora sou eu que vou andar sentado por aí, a escutar Shostakovitch.<br />torna a entrar no Ford preto 61.<br />e começa a rodar para a zona norte. 3 quarteirões. 4. 6. 12 quarteirões, rumo àquele mundo gélido. enquanto Mag, sentada com a criança no colo, se põe a ler um livro, A VIDA NA FLORESTA...<br />– a doninha e outros animais da mesma família, o visão, a marta, a chinchila, são seres ágeis, velozes, selvagens. Roedores carnívoros, vivem em contínua e sanguinária competição pela...<br />de repente a criança pega no sono e a lua cheia aparece no céu.<br />
<br />
Este conto está no livro "Fabulário geral do delírio cotidiano: ereções, ejaculações e exibicionismos - parte II" publicado pela LPM .<br />
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Devagar, porque não sei<br />
Onde quero ir.<br />
Há entre mim e os meus passos<br />
Uma divergência instintiva.<br />
Há entre quem sou e estou<br />
Uma diferença de verbo<br />
Que corresponde à realidade.<br />
<br />
Devagar...<br />
Sim, devagar...<br />
Quero pensar no que quer dizer<br />
Este devagar...<br />
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.<br />
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.<br />
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...<br />
<br />
Talvez tudo isso...<br />
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...<br />
O que é que tem ser devagar?<br />
Se calhar é o universo...<br />
A verdade manda Deus que se diga.<br />
Mas ouviu alguém isso a Deus?<br />
<br />
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morro da Babilônia num barracão sem número<br />
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro<br />
Bebeu<br />
Cantou<br />
Dançou<br />
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.<div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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<span style="font-size: small;"><span class="corpo">Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade,<br />
<br />
Conheceu Maria Elvira na Lapa, - prostituída, com sífilis,
dermite nos dedos,<br />
uma aliança empenhada e o dentes em petição de miséria.<br />
<br />
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado
no Estácio, pagou<br />
médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.<br />
<br />
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou
logo um namorado.<br />
<br />
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro,
uma facada. Não fez<br />
nada disso: mudou de casa.<br />
<br />
Viveram três anos assim.<br />
<br />
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava
de casa.<br />
<br />
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General
Pedra, Olaria, Ramos,<br />
Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói,
Encantado, Rua<br />
Clapp,<br />
outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio,
Boca do Mato,<br />
Inválidos...<br />
<br />
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de
sentidos e de<br />
inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la
caída em<br />
decúbito dorsal, vestida de organdi azul. </span></span></div>
<div style="color: white; font-family: inherit;">
<br /></div>
<div style="color: white; font-family: inherit;">
<br /></div>
<div style="color: white; font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;"><span class="corpo">Sou fã de Manuel Bandeira estava faltando um poema dele aqui. </span></span></div>
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<!-- Fim do Código de Troca de Links MaisCliques.com --></div>Bukeouachttp://www.blogger.com/profile/18331455426879880090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7976563772111009927.post-30486429202817566572011-11-14T13:51:00.001-08:002011-11-14T13:52:14.428-08:00a escapada - Charles Bukowski<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span">escapar de uma viúva negra</span><br />
<span class="Apple-style-span">é um milagre tão grande quanto a própria arte.</span><br />
<span class="Apple-style-span">que rede ela pode tecer</span><br />
<span class="Apple-style-span">enquanto o arrasta vagarosamente em sua direção</span><br />
<span class="Apple-style-span">ela irá abraçá-lo</span><br />
<span class="Apple-style-span">depois, quando estiver satisfeita,</span><br />
<span class="Apple-style-span">ela o matará</span><br />
<span class="Apple-style-span">ainda no mesmo abraço</span><br />
<span class="Apple-style-span">e lhe sugará todo o sangue.</span><br />
<span class="Apple-style-span"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span">escapei da minha viúva negra</span><br />
<span class="Apple-style-span">porque ela possuía machos demais</span><br />
<span class="Apple-style-span">em sua rede</span><br />
<span class="Apple-style-span">e enquanto ela abraçava um deles</span><br />
<span class="Apple-style-span">e depois o outro e então ainda</span><br />
<span class="Apple-style-span">outro</span><br />
<span class="Apple-style-span">me libertei</span><br />
<span class="Apple-style-span">retornei</span><br />
<span class="Apple-style-span">ao lugar onde estava anteriormente.</span><br />
<span class="Apple-style-span"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span">ela sentirá minha falta -</span><br />
<span class="Apple-style-span">não de meu amor</span><br />
<span class="Apple-style-span">mas do gosto do meu sangue,</span><br />
<span class="Apple-style-span">mas ela é boa, ela encontrará outro</span><br />
<span class="Apple-style-span">sangue;</span><br />
<span class="Apple-style-span">ela é tão boa que quase sinto falta de minha morte,</span><br />
<span class="Apple-style-span">mas não o suficiente;</span><br />
<span class="Apple-style-span">escapei. eu vejo as outras</span><br />
<span class="Apple-style-span">teias.</span></span></div><div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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Como se te prestasse um tributo de paixão.<br />
E com minhas mãos, como que num ritual,<br />
Percorrer-te todos os caminhos<br />
E dele extrair a chama da combustão.<br />
E cheirá-la por inteiro,<br />
No ardor de farejar o âmago de tua alma fêmea.<br />
E beijá-la voluptuosamente e com meus lábios<br />
Sorver o suor ensandecido de teus poros<br />
Quero, então, corpos unidos,<br />
Dançar ao som de teus gemidos e sussurros<br />
A dança terna e alucinante do amor.</span><div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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ainda não é agora<br />
a confusão prossegue<br />
sonhos afora<br />
<br />
calma calma<br />
logo mais a gente goza<br />
perto do osso<br />
a carne é mais gostosa</span><div class="blogger-post-footer"><!-- Início do Código de Troca de Links MaisCliques.com -->
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bebendo cerveja<br />
o rádio num volume<br />
suficientemente alto para superar<br />
os sons produzidos<br />
pelo estéreo das pessoas que<br />
recém se mudaram<br />
para casa<br />
ao lado.<br />
dormindo ou acordados<br />
eles ajustam seu aparelho<br />
no volume máximo<br />
deixando suas<br />
portas e janelas<br />
abertas.<br />
<br />
cada um deles tem<br />
18, casados, vestem<br />
sapatos vermelhos,<br />
são loiros,<br />
magros.<br />
tocam de<br />
tudo: jazz<br />
música clássica, rock,<br />
country, moderna<br />
contanto que esteja<br />
alta.<br />
<br />
este é o problema<br />
de ser pobre:<br />
temos de conviver com<br />
o som dos outros.<br />
semana passada foi<br />
minha vez:<br />
havia duas mulheres<br />
aqui<br />
brigando entre si<br />
e elas<br />
correram pela calçada<br />
gritando.<br />
a polícia veio.<br />
<br />
agora é a vez<br />
deles.<br />
agora caminho<br />
pra lá e pra cá em<br />
meus calções sujos,<br />
dois tampões de borracha<br />
enfiados bem fundo<br />
em meus ouvidos.<br />
<br />
chego a pensar em<br />
assassinato<br />
esses coelhos<br />
pequenos e rudes!<br />
pedacinhos ambulantes<br />
de ranho!<br />
<br />
mas na nossa terra<br />
e do nosso jeito<br />
nunca terá havido<br />
uma chance;<br />
somente quando<br />
as coisas não estão<br />
indo tão mal<br />
por um instante<br />
que esquecemos.<br />
<br />
algum dia cada um<br />
deles estará morto<br />
algum dia cada um<br />
deles terá um<br />
caixão separado<br />
e então haverá<br />
silêncio.<br />
<br />
mas por ora<br />
é Bob Dylan<br />
Bob Dylan Bob<br />
Dylan por aí<br />
afora.<br />
<br />
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<br />
a casa dos vizinhos me deixa<br />
triste.<br />
ambos marido e mulher acordam cedo e<br />
vão ao trabalho.<br />
chegam em casa no início da noite.<br />
têm um pequeno menino e uma menina.<br />
pelas 21h todas as luzes na casa<br />
se apagam.<br />
na manhã seguinte ambos marido e<br />
mulher acordam cedo de novo e vão ao<br />
trabalho.<br />
retornam no início da noite.<br />
pelas 21h todas as luzes se<br />
apagam.<br />
<br />
a casa dos vizinhos me deixa<br />
triste.<br />
as pessoas são boas pessoas, eu<br />
gosto deles.<br />
<br />
mas sinto que estão se afogando.<br />
e não posso salvá-los.<br />
<br />
eles sobrevivem.<br />
eles não são<br />
sem-teto.<br />
<br />
mas o preço é<br />
terrível.<br />
<br />
às vezes durante o dia<br />
eu olho para a casa<br />
e a casa olha para<br />
mim<br />
e a casa<br />
chora, sim, é verdade, eu<br />
sinto isso.<br />
<br />
a casa está triste pelas pessoas que ali<br />
moram<br />
e eu também<br />
e olhamos um ao outro<br />
e carros passam pra lá e pra cá<br />
na rua,<br />
barcos atravessam o porto<br />
e as altas palmeiras cutucam<br />
o céu<br />
e esta noite às 21h<br />
as luzes se apagarão,<br />
e não somente naquela<br />
casa<br />
e não somente nesta<br />
cidade.<br />
vidas seguras se escondem,<br />
quase<br />
paradas,<br />
a respiração dos<br />
corpos e pouco<br />
mais.<br />
<br />
<br />
Encontrei aqui: <a href="http://assimfalhouzaratustra.blogspot.com/2010/04/os-prazeres-dos-danados.html">Assim falou Zaratrusta </a><br />
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