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domingo, 25 de dezembro de 2011

Citação - Willians Burroughs

Desça a rua, qualquer rua, gravando e fotografando tudo que você ouvir e ver. Vá então para casa e escreva a respeito de suas observações, sentimentos, associações e pensamentos. Depois compare suas anotações com as evidências fornecidas pelas fotos e fitas. Descobrirás que sua mente registrou apenas uma fração de sua vivência. O que você deixou de fora talvez seja o que você precise descobrir. A verdade pode aparecer apenas uma vez. Ela pode não ser repetida

domingo, 9 de outubro de 2011

Citação - Oscar Wilde

" A melhor forma de se livrar de uma tentação é ceder a ela "

Trecho de Nem Bobo Nem Nada de Rui Werneck de Capistrano

" - O filho mais novo pintou o cabelo de roxo! Diz que é da hora. Desse jeito vou acabar me abraçando com o diabo. E os amigos dele, cada um com uma cor. Virou viveiro de passarinho, o quintal."

" - Outro dia ajudei a mulher a levar o mais velho pra igreja. Cara, aquela rezaiada e o papo mole do pastor. Só pra levar a grana da mulherada. Não é que a do lado me deu uma olhada meio demorada? Ué, não vão lá pra afastar a tentação?"

Trechos do livro Nem Bobo Nem Nada de Rui Werneck de Capistrano o qual recomendo a todos.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Citação - Sylvia Plath

"O que mais me apavora, penso, é a morte da imaginação. Quando o céu lá fora é só cor-de-rosa e os telhados, negros: aquela mente fotográfica que paradoxalmente nos revela a verdade, mas a verdade do mundo, que nada vale. O que eu desejo é aquele espírito sintetizador, aquela força 'que da forma' e que faz rebrotar prolificamente criando suas próprias palavras com mais inventividade do que Deus. Se eu me sento aqui e não faço nada, o mundo prossegue batendo como um tambor flácido, sem significado".

Cambrige Notes, 1956

sábado, 3 de setembro de 2011

Citação Kerouac

"A humanidade se assemelha aos cães, não aos deuses — se você não ficar zangado eles vão lhe morder – mas fique bravo e você nunca será mordido. Os cães não respeitam humildade e tristeza."

sábado, 27 de agosto de 2011

Ilustrações de Robert Crumb

"Velho escritor põe blusão, senta, sorri para a tela do computador e escreve sobre a vida. Seremos tão santos?"


Não sei quanto as outras pessoas, mas quando me abaixo para colocar os sapatos de manhã, penso, Deus Todo-Poderoso, o que mais agora?"




" Escute, não ficaria bem um cara de 71 anos tirar o seu couro na frente de toda essa gente, ficaria?"




Ilustrações de Robert Crumb referentes ao livro" O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio" de Charles Bukowski.

sábado, 6 de agosto de 2011

Citações Céline


"Quando não se tem imaginação morrer é pouca coisa, quando se tem, morrer é demasiado."

"Ser médico é uma tarefa ingrata. Quando é pago pelos ricos, corre o risco de ser considerado como um criado, quando é pago pelos pobres, um ladrão."

"Ser médico é uma tarefa ingrata. Quando é pago pelos ricos, corre o risco de ser considerado como um criado, quando é pago pelos pobres, um ladrão."

"A alma é a vaidade e o prazer do corpo são."

"Estar sozinho é treinarmo-nos para a morte."

"Tudo se expia, tanto o bem como o mal, cedo ou tarde se pagam. O bem é mais caro, forçosamente."

"A maior parte das pessoas morre apenas no último momento; outras começam a morrer e a ocupar-se da morte vinte anos antes, e ás vezes até mais. São os infelizes da terra."

"A verdade é uma agonia sem fim. A verdade deste mundo é a morte. É preciso escolher: morrer ou mentir. E eu nunca me consegui matar."

Louis-Ferdinand Céline

sábado, 30 de julho de 2011

Citação Kerouac - Diarios de Jack Kerouac 1947-1954 II

" Tire toda a autoridade oficial de um homem por um instante. São as autoridades oficiais deste mundo as responsáveis por ele ser tão mal utilizado e degradado, tão inabitável. Em meia hora, se você tirar de um homem toda a sua autoridade oficial, eu poderia fazer dele um amigo eterno e charmoso mas devolvam sua autoridade oficial no dia seguinte, e ele pode muito bem me sentenciar á morte. Estamos na Floresta das Ardenas, meus amigos, e aí está o mundo."

Retirado do Livro Diarios de Jack Kerouac (1947-1954) - Editado por Douglas Brinkley

Pra quem ficou se perguntando, o que é essa floresta de Ardenas, copiei da Wikipédia.

No século XX, as Ardenas foram consideradas território pouco propício para manobras militares devido ao seu terreno acidentado e densidade florestal. Contudo, foram o percurso preferido pelos alemães quer na Primeira, quer na Segunda Guerra Mundial, para rapidamente atingir pontos mais fracos da defesa francesa. As Ardenas foram palco de grandes batalhas como:
  • Batalha das Ardenas - Primeira Guerra Mundial, (21-23 de agosto de 1914)
  • Batalha de França - Segunda Guerra Mundial (10 de maio - 22 de junho de 1940)
  • Batalha do Bulge - Segunda Guerra Mundial (16 de dezembro de 1944 - 30 de janeiro de 1945)


    Citação Kerouac - Diarios de Jack Kerouac 1947-1954


    SÁBADO 15 DE MAIO - Fui a uma festa na cidade, vi Beverly de novo – vi Lucien embarcar num avião de manhã - fui a um jogo dos Yankee-Athletics com Tony, cancelado pela chuva - voltei para casa. Este é um rápido resumo do fim de semana, outro dos mais estranhos em minha vida. Sempre parece que quando mais aprendo e nos fins de semana, e ninguém concluiu conscientemente o significado tremendo dos fins de semana americanos, da orgulhosa noite de sábado bem-vestida com seus milhões de premonições de triunfo e alegria, para a sombria noite de domingo com sua solidão doce e amedrontada (vejo ai um foco de minha visão “artística” da vida). Para começar os detalhes desse fins de semana: todo escritor tem seu sonho, claro que todo homem tem seu sonho, e meu sonho, composto de tantas coisas, de júbilo e melancolia profunda e alegria, de doce companheirismo sob a soleira de casa, de humildade e solenidade tristes, de algo como criancinhas, lar, maravilha, afeto, simplicidade, consolo no mundo vasto, de contemplação pesarosa das crônicas das vidas, de pessoas humanas, pessoas que amam e confiam, um milhão de coisas, todas elas sombrias, de alguma forma, pois não reluzem - um sonho, tambem, de uma sociedade sem classes divididas por pompas e vaidades mundanas e invejas - um sonho não da perfeição do mundo, mas de confiança simples, simples desejo de felicidade e gozo, luta simples e sincera, e intenções piedosas - algo doce, sombrio, e quantas palavras terei de juntar para explicar isso! - bem, isto, o meu sonho, foi abalado este fim de semana por Beverly. Aparentemente ela não confia em mim porque “não tenho um emprego” - não consegue entender quem e o que sou - e eu, que acredito tanto na necessidade de uma sociedade sem classes, vejo que estamos divididos por opiniões de classe, ou percepções de classe, ou o que quer que seja. Há muito poucas coisas que eu posso dizer a ela, há muito pouco que ela possa me dizer que vá despertar qualquer coisa em mim. Somos separados por “educação” e “classe”, e essas são, para mim, de alguma forma as enigmáticas raízes de todo o mal. Essas são as coisas, as coisas divisoras do mundo, que causam tanta incompreensão e contracorrentes em meio a um mundo inteiro de pessoas que poderiam se dar bem, como Jesus teria desejado, com doçura, simplicidade, confiança. Em meu sonho de uma casa, júbilo e a vida simples e bom propósito, eu achava Beverly apropriada, porque ela tinha todas as qualidades. Mas se eu posso tê-la rejeitado por um detalhe o fato de que ela não conseguia se comunicar com minhas preocupações mais complexas (como esta vendo, e elas nem são tão complexas) - em vez disso, acreditando meu sonho, eu a aceitei e a queria por essas qualidades terrenas que com minhas fraquezas de mais classe. minha literatura, meu conhecimento pesaroso, minha letargia de contemplação e simpatia - mas se eu podia rejeitá-la, em vez disso ela me recusou, porque aparentemente eu não era de sua terra. E isso e algo em que me recuso acreditar, com um horror moral - esta é a desnecessária loucura divisora das pessoas outra vez. - É a loucura dela, não a minha, porque ela não consegue perceber que eu sou tanto da terra dela quanto de meu mundo - bom Deus, todo mundo é. Por que todas essas distinções? Por que o medo e a desconfiança? Se, por outro lado, ela me rejeitou acreditando que eu não “daria bom marido” devido à penúria congênita - como ficava evidente em meus encontros com ela - se ela é uma interesseira, claro que isso não importa. Mas não tenho qualquer prova de que ela seja interesseira, apesar de eu querer confirmar isso de algum jeito. Meu sonho está abalado - eu mesmo estou abalado -gostaria que todos na terra parassem de olhar de soslaio uns para os outros por causa de alguma diferença infinitesimal sobre o grande céu universal É tão absurdo quanto a ereção de uma pulga, considerando-se tudo ao redor. Sou tão culpado quanto ela por fazer distinções e tomar decisões? Eu a escolhi, afinal de contas, “entre milhões” - essa era a minha idéia” Eu fiz a primeira distinção. Mas agora perdi o rastro de meu pensamento, se há algum. É suficiente que eu tenha um sonho, um ideal de vida mais importante para mim que a casualidade e a “realidade" fria, e que isso foi abalado porque um abismo escancarou-se bem no meio dela. Sonhei com uma vida simples, escolhi uma garota simples, e ela dá as costas e se pergunta se não sou um vagabundo errante porque não “tenho um emprego”. eu não trabalho (!) e por aí vai, porque eu falo de uma fazenda ou de um rancho. Em outras palavras, talvez, eu contei a ela sobre mim e ela ficou estupefata pelas contradições que para ela nunca vão conseguir funcionar. Ah, eu não sei. Eis o dilema: - eu devo, em nome de Deus. casar-me com uma garota intelectual para ser compreendido e amado? Então esse é um enigma novo - para ser esclarecido mais tarde.

    Retirado do livro Diarios de Jack Kerouac (1947-1954) - Editado por Douglas Brinkley

    sábado, 23 de julho de 2011

    Trecho de Tristessa - Jack Kerouac

    "... eu gostaria de dizer a ela em espanhol a benção inestimável e ilimitavel que receberá de qualquer forma no Nirvana. Mas eu a amo, me apaixono por ela. Ela acaricia meu braço com o dedo. Eu adoro. Tento me lembrar de meu lugar e minha posição na eternidade. Renunciei a luxúria com as mulheres - renunciei a luxúria pela luxúria - renunciei à sexualidade e ao impulso inibidor - quero entrar na torrente sagrada de luz e ficar seguro em meu caminho para outra margem, mas deixaria, de boa vontade, um beijo para Tristessa por escutar os apelos de meu coração. Ela sabe que eu a amo e admiro com todo meu coração e eu estou me segurando. "Você tem a sua vida" diz ela para Old Bull (e sobre ele em um minuto) "e eu tenho que cuidar da minha, e Jack tem a vida dele", apontando para mim, ela me devolve minha vida e não a exige para si mesma como fazem tantas mulheres que você ama. Eu a amo mas quero partir. Ela diz: "Eu sei, um homem y uma mulher estão condenados - ""quando querem estar condenados" -. Ela balança a cabeça, confirma para si mesma alguma sombria crença asteca instintiva, sábia"
    "... Ela compreende o carma, e diz " O que faço é ceifar", diz em espanhol - "Homens e mulheres cometem errores - erros, falhas, pecados, faltas," seres humanos semeiam com problemas sua própria terra,  tropeçam nas pedras de sua imaginação falsa e errada, e a vida é dura. Ela sabe, eu sei, você sabe. - "Mas eu quero tomar um dose - morfina - e não ficar mais com essa vontade." Ela encurva os ombros com rosto de camponesa, compreendendo a si mesma de uma maneira que eu não consigo e quando olho para ela sob o tremeluzir da vela sobre as maçãs protuberantes de seu rosto ela parece tão bonita quanto uma Ava Gardner Negra, uma Ava marrom de rosto comprido e ossos compridos e olhos semicerrados de cílios compridos - Só que Tristessa não tem essa expressão de um sorriso sexual, tem a expressão de menosprezo indígena de rosto triste e abatido para o que você acha de sua beleza mais que perfeita. Não que seja uma beleza perfeita com a de Ava, ela tem falhas, erros, mas todos os homens e mulheres os têm e por isso todas as mulheres perdoam os homens e os homens perdoam as mulheres e eles seguem seus caminhos sagrados para morte..."

    sexta-feira, 8 de julho de 2011

    Cut-Up - William Burroughs

    “A vida é um cut-up.
    O que é a vida senão uma seqüência mais ou menos ilógica de acontecimentos
    que não se prestam a nenhum segundo para fazer sentido?
    A cada vez que se olha pela janela ou que se anda pela rua, a consciência 
    descreve círculos, vai de frente para trás e vice-versa [...] uma das tarefas da
    arte é chegar o mais perto possível do mecanismo da percepção. (1973)"


    Um pouco mais de Cut-Up aqui: Cut-up

    sábado, 18 de junho de 2011

    Citação Jack Kerouak

    Comecei a aprender com ele, tanto quanto ele provavelmente aprendeu comigo. Quanto ao meu trabalho, ele dizia: — Vá em frente, pois tudo o que você faz é bom demais. — Enquanto eu redigia minhas histórias, ele observava por cima de meus ombros e berrava: — Uau, cara, tanta coisa a fazer, tanta coisa a escrever! Como ao menos começar a pôr tudo isso no papel, sem desvios repressivos, sem tantos grilos, essas inibições literárias e temores gramaticais?

    domingo, 12 de junho de 2011

    Misto Quente - Charles Bukowski

    Charles Bukowski
    Estava indo para casa depois das aulas, pela colina de Westview. Nunca tinha livro para carregar. Passei nos meus exames apenas ouvindo o que diziam durante as aulas e adivinhando as respostas. Eu nunca tive que me matar de estudar para enfrentar os exames. Podia conseguir os meus C. E, enquanto descia a ladeira, bati numa teia de aranha gigante. Eu sempre estava fazendo essas coisas. Fiquei ali arrancando aqueles fios pegajosos e procurando pela aranha. Então a vi: uma filha da puta. preta, grande e gorda. Esmaguei-a. Havia aprendido a odiar aranhas. Quando eu fosse para o inferno seria comido por uma aranha.
    Durante toda a minha vida, naquele bairro, eu vivi batendo em teias de aranha, fui atacado por passarinhos e tinha morado com meu pai. Tudo era eternamente triste, lúgubre e maldito. Mesmo o tempo era insolente e cachorro. Ou ficava insuportavelmente quente semanas a fio, ou então chovia e, quando chovia, chovia por cinco ou seis dias. A água subia pelos gramados e invadia as casas. Quem planejou o sistema de drenagem foi muito bem pago pela sua total ignorância sobre o assunto.
    E minhas próprias coisas eram tão más e tristes, como o dia em que nasci. A única diferença era que agora eu podia beber de vez em quando, apesar de nunca ser o suficiente. A bebida era a única coisa que não deixava o homem ficar se sentindo atordoado e inútil o tempo todo. Tudo mais te pinicando, te ferindo, despedaçando. E nada era interessante, nada. As pessoas eram limitadas e cuidadosas, todas iguais. E eu teria que viver com esses putos pelo resto de minha vida, pensava. Deus, eles todos tinham cus, e órgãos sexuais e suas bocas e seus sovacos. Eles cagavam e tagarelavam e eram tão inertes quanto bosta de cavalo. As garotas pareciam boas à distancia, o sol provocando transparencias em seus vestidos, refletido em seus cabelos. Mas chegue perto e escute o que elas tem na cabeça sendo vomitado pelas suas bocas. Você ficava com vontade de cavar um buraco sobre um morro e ficar escondido com uma metralhadora. Certamente eu nunca seria capaz de ser feliz, de me casar, nunca poderia ter filhos. Mas que diabo, eu nem conseguia um emprego de lavador de pratos.
    Talvez eu pudesse ser um ladrão de bancos. Alguma porra. Alguma coisa flamejante, com fogo. Você só tinha direito a uma tentativa. Por que ser um limpador de vidraças?
    Vi outra dessa aranhas grandes e pretas. Estava mais ou menos na altura do meu rosto, na sua teia, bem no meu caminho. Peguei o meu cigarro e enfiei nela. A aranhona tremeu e se jogou, balançando a folhagem. Saltou da teia e caiu na calçada. Assassinas covardes, todas elas. Esmaguei-a com o meu sapato. Que dia proveitoso, tinha matado duas aranhas, e desequilibrado a balança da natureza - agora nós seríamos todos comidos pelos carrapatos e moscas.
    Fui descendo o morro, estava perto do fundo quando um arbusto grande começou a se mexer, O Rei das Aranhas estava atrás de mim. Corri para enfrentá-lo. Minha mãe apareceu por detrás da folhagem.
    - Henry, Henry, não vá para casa, não vá para casa, seu pai vai matá-lo!
    - Como é que ele vai fazer isso? Eu posso lhe chutar a bunda!
    - Não, ele está furioso, Henry! Não vá para casa, ele vai te matar! Estive esperando aqui por horas!
    Minha mãe tinha os olhos arregalados de medo e eles eram lindos, grandes e castanhos.
    - O que é que ele está fazendo tão cedo em casa?
    - Ele ficou com dor de cabeça, e o dispensaram à tarde!
    - Eu pensei que você estava trabalhando, que tinha achado um novo emprego.
    Ela tinha conseguido um emprego de governanta.
    - Ele apareceu e me pegou! Está furioso! Ele vai matar você!
    - Não se preocupe, mamãe, se ele mexer comigo eu lhe darei um pontapé na bunda, prometo para a senhora.
    - Henry, ele achou as suas historietas e as leu!
    - Eu nunca pedi pra que ele as lesse.
    - Ele as encontrou na gaveta! E leu elas, ele leu todas elas!
    Eu tinha escrito umas dez ou doze histórias. Dê uma máquina de escrever a uma pessoa e ela se tomará um escritor. Tinha escondido as minhas histórias debaixo do forro de papel da minha gaveta de meias e cuecas.
    - Bom - eu disse - o velho ficou fuçando e acabou queimando os dedos.
    - Ele disse que vai te matar! Disse que nenhum filho seu poderia escrever histórias como aquelas e continuar vivendo sob o mesmo teto com ele!
    Eu a peguei pelo braço.
    - Vamos para casa, mamãe, e ver o que ele faz...
    -Henry, ele atirou todas as roupas no jardim, toda a sua roupa suja, sua máquina de escrever, sua valise e suas histórias!
    - Minhas histórias?
    - Sim, elas também...
    - Eu vou matá-lo!
    Eu me afastei dela e atravessei a Rua 21 em direção à Avenida Longwood. Ela veio atrás.
    - Henry. Henry, não vá lá.
    A pobre mulher me agarrava pela camisa.
    - Henry, escute, arrume um quarto para você em algum lugar! Heniy, eu tenho dez dólares! Pegue esses dez dólares e arrume um quarto para você!
    Parei e me virei. Ela estava segurando os dez dólares.
    - Esqueça. Eu vou mesmo.
    - Henry, pegue o dinheiro! Faça isso por mim! Faça pela sua mãe!
    - Bem, está bem...
    Peguei os dez e coloquei no bolso.
    - Obrigado, é muito dinheiro.
    - Tudo bem, Henry. Eu te amo, Henry, mas você deve ir embora.
    Ela correu na minha frente enquanto continuei a andar para casa. E, então, eu vi: tudo estava espalhado pelo jardim, toda a minha roupa limpa e a suja também, a valise aberta, meias, cuecas, pijamas, um roupão velho, tudo jogado ali, no jardim, na rua. E eu vi meus manuscritos sendo soprados pelo vento, na sarjeta, espalhados por todos os lugares.
    Minha mãe entrou correndo pelo corredor lateral e eu gritei para ela de maneira que ele também ouvisse:
    - Diz pra ele sair que eu vou lhe arrancar sua maldita cabeça fora!
    Em primeiro lugar eu corri atrás dos meus manuscritos. Foi o golpe mais baixo que ele poderia fazer comigo. Eles eram uma coisa na qual ele não tinha o direito de mexer. Enquanto eu ia pegando página por página, da sarjeta, do jardim e da rua, comecei a me sentir melhor. Catei todas as folhas que eu pude, coloquei-as na valise, usando um sapato como peso, e então fui salvar a máquina de escrever. Ela tinha caido fora do seu estojo mas parecia bem. Olhei para os meus trapos espalhados. Deixei a roupa suja, deixei os pijamas pois os dois eram dele e tinham sido passados para mim depois de velhos. Não havia muito para colocar na mala. Fechei-a, peguei a máquina de escrever e comecei a andar. Pude ver dois rostos me observando por detrás de uma cortina. Mas esqueci rapidamente, andei até a Longwood, atravessei a 21 e subi a velha colina de Westview. Não estava me sentindo muito diferente do que o habitual. Não estava nem excitado nem deprimido; tudo isso parecia ser apenas uma continuaçào. Estava indo pegar o bonde W, descer e tomar outro, e ir para algum lugar do centro da cidade.

    Trecho do livro Misto Quente (Ham on Rye)

    domingo, 5 de junho de 2011

    Nunca amamos ... - Fernando Pessoa

    Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa.

    sexta-feira, 13 de maio de 2011

    Citação Vagabundos Iluminados - Kerouac

    "Mas eu tinha minhas próprias idéias e elas não tinham nada a ver com a parte "lunática" de tudo aquilo. Eu queria comprar um equipamento completo com tudo que é preciso para dormir, abrigar-se, comer, cozinhar, na verdade uma cozinha e um quarto completos bem nas minhas costas, e partir para algum lugar e encontrar a solidão perfeita e olhar para o perfeito vazio da minha mente e ser completamente neutro em relação a qualquer e toda idéia. Pretendo rezar, também, como minha única atividade, rezar por todas as criaturas vivas; percebi que essa era a única atividade decente que sobrara no mundo. Estar no leito de um rio em algum lugar, ou no deserto, ou nas montanhas, ou em alguma cabana do México ou em um barraco em Adirondack, e descansar e ser gentil, e não fazer nada além disso, praticar o que os chineses chamam de "não fazer nada"

    terça-feira, 26 de abril de 2011

    Citação Buk

    "Sentia-me contente por não estar apaixonado, por não estar
    contente com o mundo. Gosto de estar em desacordo com tudo. As pessoas apaixonadas tornam-se muitas vezes susceptíveis, perigosas. Perdem o sentido da realidade. Perdem o sentido de humor. Tornam-se nervosas,psicóticas, chatas. Tornam-se, mesmo, assassinas."

    quinta-feira, 21 de abril de 2011

    Charles Bukowski - Trecho de "O Grande Casamento Zen-Budista"

    " Fiquei casado dois anos e meio com a minha primeira mulher. Uma noite chegaram visitas. Eu disse pra ela: ‘Este aqui é o Louie, que meio-bobão, e esta é Marie, a Rainha da Chupada Relâmpago, e este aqui é Nick, que meio-rengo.’ Depois virei pra eles e disse: ‘Esta é minha mulher… a minha mulher… esta é a…’ Por fim tive que me virar pra ela e perguntar: ‘PORRA, COMO É MESMO TEU NOME?’”

    sábado, 7 de novembro de 2009

    Citações William Burroughs

    "Depois de uma olhada neste planeta, qualquer visitante do espaço exterior diria''Eu quero ver o gerente.''"

    "Como todas as criaturas puras, os gatos são práticos".
     
    "Seu conhecimento do que está acontecendo só pode ser superficial e relativa."
     
    "Em profunda tristeza, não há lugar para sentimentalismos."
     
    "A virtude é simplesmente a felicidade e a felicidade é um subproduto da função. Você é feliz quando está funcionando ".