sábado, 1 de outubro de 2011

Saudação - Lawrence Ferlinghetti


A cada animal que abate ou come sua própria
                                             espécie 
E cada caçador com rifles montados em
                                             camionetas 
E cada miliciano ou atirador particular
                                  com mira telescópica 
E cada capataz sulista de botas com seus cães
                    & espingardas de cano serrado 
E cada policial guardião da paz com seus cães
                     treinados para rastrear & matar 
E cada tira à paisana ou agente secreto
             com seu coldre oculto cheio de morte 
E cada funcionário público que dispara contra o
               público ou que alveja-para-matar
               criminosos em fuga 
E cada Guardia Civil em qualquer pais que   
        guarda os civis com algemas & carabinas 
E cada guarda-fronteiras em tanto faz qual
       posto da barreira em tanto faz qual lado de
       qual Muro de Berlim cortina de Bambu ou
       de Tortilha 
E cada soldado de elite patrulheiro rodoviário 
              em calças de equitação sob medida &
              capacete protetor de plástico &
              revólver em coldre ornado de prata 
E cada radiopatrulha com armas antimotim &
             sirenes e cada tanque antimotim com
             cassetetes & gás lacrimogênio
E cada piloto de avião com foguetes & napalm
                                                    sob as asas 
E cada capelão que abençoa bombardeiros que
                                                    decolam 
E qualquer Departamento de Estado de qualquer
     superestado que vende armas aos dois lados
E cada Nacionalista em tanto faz que Nação em
      tanto faz qual mundo Preto Pardo ou Branco
      que mata por sua Nação 
E cada profeta com arma de fogo ou branca e  
      quem quer que reforce as luzes do espírito
      à força ou reforce o poder de qualquer
      estado com mais Poder 
E a qualquer um e a todos que matam & matam & matam & matam pela Paz
Eu ergo meu dedo médio na única saudação apropriada

Prisão de Santa Rita, 1968
                                [Tradução: Nelson Ascher]

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