domingo, 16 de outubro de 2011
Seguros - Charles Bukowski
a casa dos vizinhos me deixa
triste.
ambos marido e mulher acordam cedo e
vão ao trabalho.
chegam em casa no início da noite.
têm um pequeno menino e uma menina.
pelas 21h todas as luzes na casa
se apagam.
na manhã seguinte ambos marido e
mulher acordam cedo de novo e vão ao
trabalho.
retornam no início da noite.
pelas 21h todas as luzes se
apagam.
a casa dos vizinhos me deixa
triste.
as pessoas são boas pessoas, eu
gosto deles.
mas sinto que estão se afogando.
e não posso salvá-los.
eles sobrevivem.
eles não são
sem-teto.
mas o preço é
terrível.
às vezes durante o dia
eu olho para a casa
e a casa olha para
mim
e a casa
chora, sim, é verdade, eu
sinto isso.
a casa está triste pelas pessoas que ali
moram
e eu também
e olhamos um ao outro
e carros passam pra lá e pra cá
na rua,
barcos atravessam o porto
e as altas palmeiras cutucam
o céu
e esta noite às 21h
as luzes se apagarão,
e não somente naquela
casa
e não somente nesta
cidade.
vidas seguras se escondem,
quase
paradas,
a respiração dos
corpos e pouco
mais.
Encontrei aqui: Assim falou Zaratrusta
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Um comentário:
Gostei... traduzi mais dois do Gary Snyder, um do Ferlinghetti e um do Corso. Pode copiar lá no ex-RIMAEVIDA (RIMA&VIA POESIA NOVA). Mas é mais fácil encontrar como RIMAEVIDA. Também tem poemas de marginais "à vontade". Olha lá, e siga-me também. Um abraço.
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