confira
tudo que respira
conspira
passa e volta
a cada gole
uma revolta
bateu na patente
batata
tem gente
verde a árvore caída
vira amarelo
a última vez na vida
nada me demove
ainda vou ser o pai
dos irmaos karamazov
na rua
sem resistir
me chamam
torno a existir
debruçado num buraco
vendo o vazio
ir e vir
casa com cachorro brabo
meu anjo da guarda
abana o rabo
amei em cheio
meio amei-o
meio nao amei-o
pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando
abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri
antigamente eu era eterno
o mar o azul o sábado
liguei pro céu
mas dava sempre ocupado
primeiro frio do ano
fui feliz
se não me engano
ano novo
anos buscando
um ânimo novo
tarde de vento
até as árvores
querem vir pra dentro
longo o caminho
até uma flor
só de espinho
nadando num mar de gente
deixei lá atrás
meu passo a frente
a noite - enorme
tudo dorme
menos teu nome
acabou a farra
formigas mascam
restos da cigarra
essa idéia
ninguém me tira
matéria é mentira
relógio parado
o ouvido ouve
o tic tac passado
-- que tudo se foda,
disse ela,
e se fodeu toda
Fonte: Haikais
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